Um projeto desenvolvido por alunos do curso de Licenciatura em Ciências Agrárias, localizado no Câmpus IV da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Catolé do Rocha, em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), tem buscado estimular a agricultura familiar no semiárido paraibano com a reabilitação do cultivo de batata doce na região.
O foco do projeto é a cultura da batata doce cientificamente conhecida como “Ipomoea batatas”, que está sendo implantada no Sertão paraibano com a finalidade de restaurar essa olerícola, tão importante para a microrregião de Catolé do Rocha. Para disseminar a cultura, ramos sementes de batata doce das variedades “Granfina de pele branca” e “Paraíba de pele vermelha” estão sendo distribuídos para alguns pequenos produtores locais, visando incentivar o cultivo na região.
Coordenador do curso de Licenciatura em Ciências Agrárias e um dos responsáveis pelo experimento, o professor Evandro Franklin de Mesquita explica que o trabalho contribuirá para a reabilitação da cultura de batata doce na região de Catolé do Rocha. Para desenvolver o projeto foi adotado o método de irrigação localizada, em que água é aplicada diretamente na área radicular em pequenas intensidades e alta frequência, mantendo o solo úmido por maior período de tempo, com irrigação diária.
Essa condição, segundo o professor Evandro, propicia o desenvolvimento e rendimento da cultura que possui sistema radicular formado por raízes superficiais com maior concentração até 10 cm de profundidade e uma raiz principal que chega a atingir até 90 cm de profundidade no solo. Dentre as vantagens deste sistema de irrigação destaca-se a possibilidade de adequação do cultivo da batata doce à realidade local, que convive com escassez de água.
A adoção de técnicas que possibilitem a maximização da eficiência do uso de água e da adubação nitrogenada pela cultura de batata doce é de extrema importância para aumentar a produtividade e qualidade da cultura. Para isso, paralelamente, uma pesquisa também está sendo desenvolvida para estudar os efeitos de cinco doses de nitrogênio aos níveis de 0, 30, 60, 90 e 120 kg de nitrogênio por hectare, com duas lâminas de irrigação de 50% e 100% Etc (Evapotranspiração) da cultura, ou seja, metade das plantas está sendo cultivadas sem déficit hídrico e a outra metade com déficit hídrico.
Ao todo, duas mil plantas de batata doce estão sendo cultivadas em uma área de 800 metros quadrados do Centro de Ciências Humanas e Agrárias (CCHA). No cultivo, metade das plantas está sendo irrigada com 1,2 litros de água por dia e a outra metade com 600 mililitros. Este é o primeiro plantio utilizando este sistema e os pesquisadores esperam que, comparado com as demais formas de cultivo utilizadas na região, seja possível registrar um aumento de 40% a 50% na produção da batata doce com um consumo de água menor do que o utilizado até então.
Os ramos sementes estão com pouco mais de 20 dias de plantados e a previsão é de que a colheita seja feita em até 150 dias. Após a colheita e análise dos dados será possível definir a dose de nitrogênio mais eficiente, a lâmina de irrigação que possa ser aplicada com viabilidade de aumentar a produção, a variedade mais produtiva e a de maior preferência pelo consumidor.
A pesquisa envolve dois estudantes de iniciação científica do CCHA e um de Doutorado da UFPB, sob a orientação em parceria dos professores Evandro Franklin de Mesquita e Lourival Ferreira Cavalcante. As atividades do projeto contam com a colaboração de 15 alunos do Curso de Ciências Agrárias da UEPB, integrantes do Grupo de Pesquisa SOLAPLANT, e dos pesquisadores Anailson de Sousa Alves, Lucimara Ferreira de Figueredo, Rosinaldo de Sousa Ferreira, Danila Lima de Araújo, Irton Mirando dos Anjos, Irinaldo Pereira da Silva Filho e Francisco Pinheiro da Silva.
FONTE: UEPB