Dupla foi presa nesta segunda (4) às margens da BR-226, no Oeste potiguar. Em fuga no meio do mato, cinco suspeitos morreram em confrontos com PMs.
“E aí, meu filho, como é que tá? Tem condição de você vir me buscar aqui, meu velho? Tô aqui só vivo. Dois dias de fome e sede no meio do mato”. O pedido de socorro, gravado no celular de um dos suspeitos de participar da explosão a um banco na madrugada do domingo (3) na cidade de Brejo do Cruz, na Paraíba, é uma das provas que a polícia tem para incriminar Kleilton Alves da Silva e o taxista Diego Edicleilton Marcelino de Castro, presos na noite desta segunda (4) às margens da BR-226, na região Oeste potiguar.
O G1 teve acesso ao áudio (ouça a gravação acima). Nele, é possível ouvir quando Kleilton, que além de pedir para o taxista ir buscá-lo na rodovia, também implora para que Diego leve água e comida. “Esqueça de água e cumê não. Sanduíche, uma quentinha, qualquer coisa pra nós comer. Tô aqui só Jesus”.
Delegado regional de Patu, Sandro Régis confirmou ao G1 a existência de gravações entre os suspeitos presos nesta segunda, mas disse que o conteúdo só será apreciado pela investigação após autorização judicial.
Kleiton e Diego foram presos por policiais militares por volta das 21h desta segunda. Segundo o major Inácio Brilhante, que comanda as buscas pela quadrilha na região, os dois negaram envolvimento no crime ocorrido na Paraíba, mas confirmarem que se conhecem.
Ainda de acordo com o delegado Sandro Régis, o taxista foi autuado em flagrante por favorecimento e associação criminosa, “já que foi ao local para dar fuga ao comparsa”. Já Kleilton Alves da Silva, foi autuado por associação criminosa, assalto e tentativa de homicídio, uma vez que também é suspeito de atirar contra os policiais durante a perseguição ao bando que explodiu o banco na Paraíba.
Régis disse que os presos devem ser levados, ainda nesta terça (5), para a Cadeia Pública de Caraúbas.
O delegado ainda confirmou que Kleiton era fugitivo da Penitenciária Agrícola Mário Negócio, em Mossoró, onde cumpria pena por latrocínio (roubo seguido de morte), e ainda estava usando documentos falsos.
Áudio
- Kleiton – E aí, meu filho, como é que tá? Tem condição de você vir me buscar aqui hoje, meu velho? Tô aqui só vivo. Dois dias de fome e sede no meio do mato.
- Cinco e meia você sai daí. Cinco e meia você venha.
- Eu tô depois de Upanema, depois de Campo Grande, já chegando em Janduís já. Você tem que vir, meu filho, você tem que vir que meu telefone aqui tá descarregando. Tá bem pertinho de descarregar já.
- Aí, quando você sair daí, você me avisa. Eu vou botar um galho na estrada que você vê. Na mão que você vem daí, do seu lado direito. Quando você chegar em Upanema você me avise de novo, que é pra mim botar. Eu não vou botar logo quando você sair daí não. Eu só vou botar quando você passar de Upanema, que é pro não passar muito tempo, o galho…
- Você venha na manha. Compra água e o cumê, que nós estamos com fome aqui. Eu e o rapaz aqui.
- Quando você passar de Campo Grande, quando chegar mais da metade do caminho, você presta atenção que o galho vai tá bem pertinho, o galho vai tá na beira da pista.
- Manda um áudio aí pra mim. Manda um áudio aí pra mim.
- Diego – Eu já saí, já entrei dentro do carro já.
- Kleiton – Esqueça de água e cumê não. Água e cumê. Um sanduíche, uma quentinha, qualquer coisa pra nós comer. Tô aqui só Jesus.
- Diego – Homi, manda essa localização que é melhor. Se seu telefone descarregar eu vou saber onde você tá. Mande que é melhor. Pelo menos eu vou saber quantos quilômetros de distância eu tô de onde você tá. Manda a localização.
- Tô tentando aqui nessa localização, homi. Já tô vindo do outro lado. Não achei garrancho nem nada. Aí passei direto e tô voltando agora. Liga aí. Acho que no sentido Campo Grande, só tem eu na pista.