Não são apenas cidadãos comuns e passageiros da aviação comercial que enfrentam transtornos com a crise de abastecimento de combustíveis. A falta de querosene de aviação (QAV) no aeroporto internacional de Brasília afeta também a aeronave que atende ao presidente Michel Temer.
— Se o presidente precisar se deslocar para um destino longo, terá muita dificuldade, disse uma fonte ligada à Presidência da República.
Segundo esta mesma fonte, a equipe responsável pelos deslocamentos de Temer também foi pega de surpresa com o desabastecimento que afeta o aeroporto de Brasília e outros 10 terminais. O gabinete presidencial teria sido alertado sobre a dificuldade de decolagem da aeronave presidencial, a depender do destino.
O ACJ319, fabricado pela Airbus, tem autonomia máxima de 9 horas e 45 minutos de voo, equivalente a uma viagem entre Zurique, na Suíça e Havana, em Cuba. O problema, no entanto, é que, segundo a mesma fonte, não haveria combustível suficiente estocado em Brasília para um percurso semelhante. Para percursos menores é possível que haja combustível, mas a FAB não informa quanto.
Uma saída para a FAB, caso tenha combustível para um voo mais curto, seria voar com a avião presidencial até os aeroportos de Guarulhos ou Galeão, abastecidos com dutos da Petrobras, para um reabastecimento. Os terminais não dependem de rodovias. Essa possibilidade, no entanto, também não é confirmada pela FAB.
Além do presidente da República, a FAB transporta autoridades, como ministros de Estado e de tribunais superiores e órgãos para transplante.
O Palácio do Planalto não informou a quantidade de querosene armazenado atualmente na Base Aérea nem a autonomia de voo possível que o jato presidencial teria para voar na data de hoje. Questionada, a Força Aérea respondeu que perguntas específicas sobre deslocamentos presidenciais deveriam ser encaminhadas ao Palácio do Planalto. Já a assessoria de Temer contradisse os militares, e afirmou que o esclarecimento caberia a Força Aérea Brasileira.
Sobre a quantidade de querosene de aviação armazenada, a FAB limitou-se a informar que “está preparada para eventuais contingências, de modo a não comprometer suas missões essenciais”.
Criticada por ter feito uma escala em Portugal, quando retornava de uma viagem à Suiça, em 2014, a ex-presidente Dilma Roussef reprovou a autonomia de voo do modelo que serve a presidencia da República, em comparação com os jatos oficiais de outros líderes internacionais. Por não ter autonomia, o jato brasileiro precisa fazer várias escalas em viagens internacionais longas. O ACJ319 usado pela Presidência foi comprado pelo ex-presidente Lula, que decidiu aposentar o antigo Sucatão, um Boeing 707 que transportou presidentes brasileiros entre 1986 e 2005. O Airbus foi apelidado de ‘Aerolula’.
R7